CARCARÁ com JOÃO DO VALE e CHICO BUARQUE, edição MOACIR SILVEIRA
Como bem disse Euclides da Cunha: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”, muito embora possa lhe faltar plástica estética impecável por ser desgracioso, desengonçado, torto e rústico, é exatamente essas características que lhe permitem sobreviver nas condições inóspitas de nosso sertão nordestino.
E para melhor espelhar esse espírito nada como “Carcará”, magistral composição de João do Vale e José Cândido, hoje convertida num verdadeiro hino de resistência de um povo sofrido, mas que não desiste da luta contra as adversidades de seu ingrato destino.
Composta no período da ditadura militar acabou ganhando uma conotação contestatória e que a transformou em símbolo de resistência, consagrando-a como um grande sucesso que a levou a conquistar o honroso 45º. lugar entre AS 100 MAIORES CANÇÕES BRASILEIRAS DE TODOS OS TEMPOS.
Confira mais este inegável sucesso aqui na interpretação de João do Vale e de Chico Buarque.
CARCARÁ
De: João do Vale e José Cândido
Carcará
Lá no sertão
É um bicho que avoa que nem avião
É um pássaro malvado
Tem o bico volteado que nem gavião
Carcará
Quando vê roça queimada
Sai voando, cantando,
Carcará
Vai fazer sua caçada
Carcará come inté cobra queimada
Quando chega o tempo da invernada
O sertão não tem mais roça queimada
Carcará mesmo assim num passa fome
Os burrego que nasce na baixada
Carcará
Pega, mata e come
Carcará
Num vai morrer de fome
Carcará
Mais coragem do que home
Carcará
Pega, mata e come
Carcará é malvado, é valentão
É a águia de lá do meu sertão
Os burrego novinho num pode andá
Ele puxa o umbigo inté matá
Carcará
Pega, mata e come
Carcará
Num vai morrer de fome
Carcará
Mais coragem do que home
Carcará