À Distância (Henri Michaux) - FOCOLITUS

Poema de Henri Michaux musicado pelos Focolitus. Gravado para o disco do . (Movimento Anti-Tradição Académica) chamado “Não Resistir Só E Não Só Resistir“ (2007) em que entraram muitas outras bandas com temas a chatear as praxes, as tunas, as ideias de integração entre o talho, a tropa e o colégio interno e tradições inventadas com pouca imaginação. Ainda existem umas cópias do disco por aí... À distância! tu aí, mantêm-te à distância! neutralizado paralizado com a dor de uma perna partida num descarrilamento debaixo do eixo que a esmaga que lhe parou mesmo em cima e tu também mesmo aí parado longe de mim... que o mal entre em ti, massa idiota que o mal entre em ti agitado de fumo espalhando clamores derrubado por búfalos! Polvo sobre a tua capa excessivamente pesada e cara anfractuosidade sobre a tua face rijo martelo sobre os teus dedos frios rijo martelo sobre o teu caminhar horripilante de cem faces, de cem ratoeiras, de cem pequenos fragores! Máquinas sobre ti de devastar de despedaçar de esticar de abater de enlouquecer máquinas incoercíveis, incansáveis capazes de matar à pancada o mais enfadonho! Tóneis rolantes sobre a tua fronte para deixares de dormir desabamentos e obras sobre a tua fronte para deixares de dormir formigas, papa-léguas, desassossegos carros de lilipute sob a tua fronte para deixares de dormir funda que volteia, arco tenso ao teu ouvido para deixares de ouvir! Uivos no teu pescoço uivos sobre os rebanhos que te apaudem sobre o alarve que tu és sobre as tuas notas a arruinarem-se sobre o regalo do teu cú mimado! Que os estropiados te tomem por passeio que os babuínos roedores de ramos te tomem por coqueiro. à distância à distância à distância que a tua interminável língua que ficou ainda mais longa depois de tanto tempo a cantar músicas idiotas sirva de correia de transmissão nas fábricas sirva nas gruas a içar contentores sirva no porto lingar cubas e pepas de cerveja que te afoga os neuróneos! À distância sobes montes sem fim cais numa floresta de cordas és levado por um onagro por um rebanho de bisontes por um rinoceronte furioso por seja lá quem fôr seja lá o quê seja lá quem fôr passando para o mundo do horror da infecção da putrefacção à distância à distância à distância